Um dia alguém me disse que o seu objectivo seria atingir a perfeição. Na altura entendi aquilo como uma pequena e insuportável presunção, mas há uns tempos a esta parte dou comigo a pensar o que seria para mim a pessoa perfeita. Repare-se, não o que seria a pessoa perfeita, mas aquela que para mim corresponderia a um padrão aproximado.
Fica um esboço que tentarei melhorar com o tempo e provavelmente a idade. Essa pessoa seria, em termos intelectuais, sábia mas humilde - se é que ambas estas características não vêm sempre em conjunto - culta mas não arrogante, reflexiva mas não neurótica, profunda mas sumária, com opiniões mas também com capacidade de ouvir e alterar a sua posição, rigorosa mas não exaustiva, conceptualizadora mas com os pés na terra. Emocionalmente, teria de ser atenciosa mas não controladora, respeitadora dos sentimentos alheios mas assertiva, sensata e responsável mas com uma pontinha de loucura, empreendedora mas também contemplativa, com iniciativa mas não impositiva, interessada mas não excessiva, ambiciosa mas ética, bem humorada mas não desprendida. Em termos materiais deveria ser cuidadosa, rigorosa e prevenida mas capaz de gozar os pequenos prazeres da vida sem tensão.
Enfim, a pedir que não sejamos pobres.
1 comentário:
adoro isto. deixa-me pespegá-lo no A&OD. Sem link para aqui para poderes continuar a escrever sossegadinha. Só a citação do texto. Deixas? Vá lá sê generosa com a tua amiguinha ...
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