Das salsichas e da lei

«Em qualquer país decente, a limitação de mandatos é vista como um garante indispensável para que o poder possa ser exercido em prol da comunidade e não do próprio. Com efeito, como está hoje cientificamente demonstrado, a longa permanência no poder altera a personalidade: torna as pessoas autoritárias e arrogantes, convence-as de que estão acima da própria lei e, muitas vezes, que são a própria lei. Leva-as as confundirem-se com o cargo, servindo-se dos bens da instituição e usando o dinheiro desta como se estivessem na sua inteira disponibilidade. Por outro lado, transformam-se em autênticos eucaliptos, apenas aceitando estar rodeados de espelhos que, a toda a hora, lhe recordem que não há no mundo presidente mais bonito do que eles» Santana-Mais Leonar in «Cartas ao Director» - Público, de 25 de Setembro de 2008.

Não é novo, obviamente, mas é uma boa síntese não só da natureza dos homens que obsta a que, após tempo a mais em algum cargo, consigam distinguir o cargo do seu «eu», tendendo ao autoritarismo e à arrogância, mas também e, consequentemente, da natureza das leis na sua condição de regras emanadas de homens.

Como se diz: se as pessoas soubessem como se fazem as salsichas e as leis, nunca comeriam salsichas....

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