De mergulho na escola pública

Hoje, acompanhei o meu catraio de dez anos na sua estreia de escola pública. Espero não me enganar e não acabar vir aqui retirar o que digo agora, mas parece ser uma escola oficial a funcionar como uma privada em matéria de rigor, exigência e disciplina.
A directora - agora vão-se chamar assim, parece, os anteriores presidentes dos Conselhos Executivos, que já foram Directivos, com todas as letras e sem medos - é mesmo, «A Directora». Despachada, fala alto, não tem medo das palavras, incentiva os pais, mas também alerta para a realidade da escola pública que, como ela diz e tem razão, é o mais próximo que as nossas crianças podem ter do que seja o mundo lá fora.
Desempoeirada: deixem de proteger os vossos filhos, se caírem no recreio, caíram, todos nós caímos com a idade deles, faz parte...superprotegemos as nossas crianças. Apreciei. Eu própria diria aquelas palavras, já que até a respeito da segurança tenho a convicção de que quem ouvir certos pais, fica com a certeza de que Oeiras aportou na Zona J de Chelas.
É claro que se lhe notam alguns tiques ditatoriais, mas percebo que para se ser «Director a sério», a menos que se esteja à frente da Universidade de Oxford ou Cambridge há que manter um certo perfil ditatorial...se não até podem pensar que somos um soldadinho de chumbo ou a própria boneca bailarina, quem sabe....
Encheu o refeitório de conceitos e entendimentos, numa certa cumplicidade com os pais, ainda que não contra o Ministério. A Ministra da Educação não me é propriamente simpática - está bem, não gosto dela , admito- mas desagradar-me-ia que a Escola não se manifestasse empenhada em fazer o seu melhor, apesar da senhora.
Todavia, abismada fiquei mesmo com o anúncio que fez à comunidade de pais reunidos no refeitório: não obstante a Escola já tenha conhecimento de que a meio do ano, seis professores se vão aposentar, as crianças vão ficar pelo menos duas semanas sem as respectivas aulas. Porquê? Porque há uma sequência notável de procedimentos do Ministério que a isso obrigam.
O pai do meu miúdo murmurou: - Pensei que fosse pior.
Pois eu fiquei foi indignada. Duas semanas, pelo menos?!!! Se fosse um acontecimento imprevisível, percebia-se...agora, não o sendo, porque raio é que tenho de aceitar que o meu filho - nem sei se algum deles lhe calha em sorte, mas não interessa - há-de aguardar pelo menos duas semanas por um professor que devia mesmo era estar lá antes do outro sair para que lhe passasse o trabalho como deve ser?!! Mas está tudo louco?!
Tanta coisa com as aulas de substituição porque, coitadinhas das crianças, não podiam ficar sem uma aula aqui ou ali, e num acontecimento perfeitamente contornável, toma lá com pelo menos duas semanas cheias de....aulas de substituição, certamente.

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