Indiferenças

Folheio, pela noite dentro, as notícias do «Público» ...eleições...eleições...fogos. Fogos? Até Agosto deste ano, mais do dobro da área ardida de todo o ano de 2008? Ou bem que os media e os políticos se conluiaram para um menor alarido, ou bem que ando demasiado zen para dar por más notícia.

Mas a novidade parece ser outra: quatro vezes mais incendiários detidos que no ano passado. Enfim, com o dobro da área ardida só até finais de Agosto, não será grande triunfo. De qualquer modo memorizei, prevendo que, a este ritmo, se registe um aumento exponencial de incendiários sem refúgio detidos até ao final do ano, encontrados, cada vez mais facilmente, em tamanha extensão de área queimada ...

Sarcasmos à parte, depois da estatística, o velho truque jornalístico para não perdermos o interesse na notícia: as motivações dos incendiários. Não há, no entanto, grandes novidades - álcool, piromania, a obsessão de combater fogos.

De permeio, a surpreendente e recorrente história do homem detido, contemplando um pequeno fogo que acabara de atear -o cárcere surgindo-lhe como única alternativa de tecto e comida, ao lar em que estava internado e que iria fechar para férias.

Findos quase quatro anos, vejo de novo a história contada sem ficar a saber o que aconteceu a este pobre diabo, ao lar que assim o atirou para a rua ou ao Estado, aparentemente indiferente, quer ao destino do homem, quer ao do (ir)responsável do lar.

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