Mil erros para mil certezas

A minha querida Io aborda, corajosamente e numa prosa muito bonita ("Não escrever") , a questão do erro.

Não é um tema fácil. A insegurança que nos provoca o medo de errar pode ser quase paralisante.

Somos, talvez vezes de mais, ingénuos ou até patéticos nos erros que cometemos. Pagamos por isso, claro. Mas recusar-nos a tirar proveito pleno daquilo que somos, em virtude dessa evidência não é, esse sim, o maior dos erros?

E bem pior que isso, não será, ao invés, sermos temerários nas nossas certezas?

No outro dia, alguém me disse (secundando o estribilho dos Trovante, há sempre alguém que nos diz, tem cuidado) : - Está a pensar muito bem, com muita lógica...mas o que está a dizer pode não ser, em absoluto, verdade.

Naquele momento ficaram definitivamente abaladas, não só a minha construção lógica no caso concreto, como também as certezas demasiado certas de que me convenço, tacanhamente, de que sou feita. Alexander Pope dizia que quem vê algo sem falhas, pensa naquilo que nunca existiu, que não existe e que nunca existirá.

Mas não constituirá tudo isto, em suma, a fascinante contradição de que é a essência da História da humanidade: errar no que toda a lógica indicaria que não seria possível falhar e constatar que se poderia ter acertado no que não se fez, no incontrolável receio de errar?