Julgados pelos seus iguais

«(...) É difícil ser-se adolescente hoje, muito mais difícil que há trinta anos. Antes, era-se menos julgado pelos seus iguais, temia-se sobretudo o moralismo dos adultos. Hoje, para ir à discoteca, é preciso estar-se impecável: magro, ginasticado, vestido à última moda, espirituoso, envolvente, sedutor. Para se ter sucesso na escola é preciso ser-se agressivo, competitivo, possivelmente carismático, actuante. A força persuasiva que leva rapazes e raparigas à uniformização nos modos de ser e estilos de vida revela-se cada vez mais brutal e eficaz: para existires deves aderir àquele modelo mediático, a uma mediocridade partilhada, mesmo a custo de te esqueceres de uma parte do teu aspecto exterior.
Num debate em Como, uma senhora contou-me que naquela cidade muitas raparigas, quando completavam dezoito anos, pediam e obtinham dos pais como presente uma operação estética (...)».


Paolo Crepet in «Não somos capazes de os ouvir» - Ed. Ambar

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