À velocidade da luz

Actualmente, sem muito tempo para a reflexão, a ética é um lugar estranho: podemos dar connosco a sorrir ou, simplesmente, a nem reagir a um dito de espírito, graçola ou comentário de adolescente que, se nos concedêssemos algum tempo para pensar, recusaríamos em absoluto.

Os desafios, nesta matéria (e também aqui sem muito tempo para pensar, claro, que eu não sou diferente dos que me rodeiam, nisso como em nada) seriam quatro: um primeiro, o de aprenderemos a ser rápidos na aplicação aos casos concretos e que passam por nós à velocidade da luz, dos valores apreendidos no tempo em que ainda tínhamos tempo para pensar. Um segundo, o de nessa avaliação nos apercebermos se eles ainda são, em consciência, aplicáveis ou se já estiolaram (há sempre os que precisam de revisão). Um terceiro o de, caso já merecerem ser reequacionados, conseguir revê-los, adaptá-los ou criar novos em sua substituição.

O quarto desafio vai em parágrafo separado e é o de saber calar a tempo, detectado que há ali um dilema a ser pensado. Não precipitar uma opinião sequer "líquida" quanto mais "gasosa". Saber esperar, porventura em casos mais complexos, que alguém, um filósofo, um escritor, dispondo da vocação e concedendo-se o tempo que nos mingua, pense, debata, escreva ou diga algo que nos permita pensar por nós, a partir daí, acerca do assunto.

Neste último caso, resta rezar para quem é desta arte, e esperar simplesmente para os que a não partilham, que esse outro o faça a tempo de os novos valores que substituiriam os anteriores com vantagem, e que subscreveríamos, nos chegarem a tempo (e com tempo) de os assimilarmos e aplicarmos.

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