What have they done to my song, Ma.
A União Europeia não sucumbirá em virtude dos seus princípios ou concepções, mas porque ambos foram abandonados pelos Estados que a criaram, porque os seus governos recearam enfrentar os factos e actuar a tempo.
Gostaria de dizer que esta ideia é minha, mas não é, de facto, minimamente original. Trata-se de uma tradução e aplicação, ambas livres e da minha responsabilidade, ao incontornável fracasso da União Europeia, de um excerto do célebre discurso de Winston Churchill, na Universidade de Zurique, em 1946 (disponível no YouTube e a sua tradução aqui) a propósito de um outro fracasso, o da Sociedade das Nações ou Liga das Nações, depois substituída pela actual ONU - Nações Unidas.
A ironia é que foi precisamente neste discurso, que Churchill lançou, visionariamente, a ideia dos Estados Unidos da Europa, tanto mais própria de um verdadeiro estadista quanto falava para um continente destroçado, saído da 2ª Guerra Mundial, e portanto ainda a"uma vasta e agitada massa de atormentados, famintos, ansiosos e desnorteados seres humanos olham pasmados, das ruínas das suas cidades e dos seus lares, esquadrinhando os negros horizontes por algum novo perigo, tirania ou terror" - tradução do site acima.
Este descalabro não representa nada de novo debaixo do sol em organizações deste género, e era expectável há anos? Seria. Mas como sempre acreditei sinceramente no projecto da construção europeia (sim, há pessoas que acreditaram naquilo que é hoje em dia um manifesto malogro, eu pecadora me confesso), e muito lamento que assim se vergue às mãos da mais total e abjecta falta sentido visionário dos actuais líderes europeus, restam-me as palavras da canção de Melanie Safka, "What have they done to my song, Ma".
Desafortunadamente, não me parece que nesta "meia dúzia de horas que nos restam", e não obstante antecipemos, perplexos, a devastação que atingirá toda a União Europeia (toda, e não apenas a sua parte mais vulnerável, como parecem pensar insensatamente a Alemanha e a França) e à sua moeda, haja alguém que, com o sentido de estado e a vontade indómita que caracterizavam Churchill, possa dizer, como ele disse então: Deixem a Europa (re)erguer-se!
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