Primeiro e último nome, por favor


Esta manhã, passava os olhos pelo "Público" de ontem e deparei com o anúncio de dois concursos para atribuição de mediação de jogos sociais do Estado, vulgo, totobola, totomilhões e outros totos que nem sei enumerar. Gargalhei com gosto.

Anunciava-se, portanto, a abertura dos concursos e, de seguida, elencava-se os membros do júri. Desinteressante? Absolutamente. O que me chamou a atenção foi que, aos licenciados, antes da graça de cada um, foi colocado o título de Dr. ou Dr.ª, e aos restantes, o de Sr. ou Sr.ª.... Neste último caso, nem sequer, Sr.ª D....., Sr.ª apenas, que o que interessa é  marcar bem a diferença, em provincianas vénias aos Senhores Drs.

Lembrou-me isto o quanto me irrita também, ligar para um serviço público solicitando uma informação, pedir o nome do funcionário com quem falei, e responderem: Liliana, Marta ou João. E eu, "desculpe, Marta quê?", e de lá, "nada, basta Marta, só cá há uma". Como se os serviços públicos fossem jardins de infância e os utentes tivessem entre três e cinco anos de idade.

Não pretendendo ressuscitar o "tema Álvaro",  não entendo por que não somos chamados  pelos nossos primeiro e último nome, e insistimos, ou numa pretensa meritocracia de títulos, ferrugenta, formal, patética e provinciana, ou numa "demeritrocracia" do cidadão indiferenciado, desenraízada e aviltante.

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