Cacilhas, a fiel Cacilhas não é moira! Ai!


Driblando o dito de que os lusitanos seriam um povo que não se governava nem se deixaria governar, os lusitanos de hoje resolveram deixar-se governar, fingindo que se nos fosse dado governar tomaríamos as medidas que outros ora nos impõem (a assinatura do novo Tratado Sobre a Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária é a última delas). É obviamente uma pantomina encenada para consolar a dignidade de governantes e governados. Adiante.

Irónico é contemplar-mo-nos nesta insalubre e empobrecedora subserviência sem alternativa, como se personagens de uma grandiosa epopeia à conquista da prosperidade perdida, apenas feita de actos heróicos contra todos e cada português como se, sem dúvida alguma, tivesse vivido na era a.t. com absoluta consciência da ilicitude de auferir rendimentos, subsídios e um conjunto de direitos sociais relativamente pequenos, é certo, mas ainda assim  incompatíveis com a sua reduzida produtividade.

Em "As Farpas" (Principia) Eça e Ortigão criticavam sarcasticamente o Nação, "jornal de arqueologia e piedade", o qual em determinado artigo defendia que " a verdadeira missão de Portugal não é a indústria - é a conquista!", comentando: "- A pena de pato da Nação é uma lança disfarçada. Toda a mágoa da Nação é que Cacilhas não seja moira! Se o fosse, a Nação vestia a sua armadura e ia lá num bote. Mas Cacilhas, a fiel Cacilhas não é moira! Ai!"

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