Do sentimento de culpa em português
Há sempre alguma razão por que nos culpabilizarmos no Portugal'2012: os novos porque não emigram e os velhos porque não são novos; os doentes porque deveriam ser sãos para poupar o Serviço Nacional de Saúde, e os saudáveis porque são pouco produtivos; os que protestam porque protestar não chega, os que se conformam porque deviam ser menos acomodados; os que poupam porque deveriam gastar mais para impulsionar economia, os que gastam muito porque são perdulários e não pensam no futuro; os que desesperam e agem, porque não são prudentes logo agora com o país neste estado, os que são prudentes porque perdem oportunidades proporcionadas pela crise; os críticos porque não sabem fazer mais nada além de criticar, os que não criticam porque são pró-qualquer coisa; os optimistas porque não há afinal qualquer esperança, os pessimistas porque o país precisa de esperança; os que tomam decisões porque mais valia estarem quietos, os que não as tomam porque pior que uma má decisão é nenhuma decisão; os condescendentes porque assim não se vai a lado nenhum, os exigentes porque colocam os carros à frente dos bois; os que se pronunciam porque para aquilo mais valia estarem calados, os que se calam porque é incrível que não tenham opiniões; os que se riem porque não se percebe bem de quê, os que não se riem porque são má-onda; os que cortam a direito porque proactividade tem limites, os que não cortam a direito porque são cobardes; os que se envolvem porque certamente se vão arrepender, os que não se envolvem porque são preguiçosos; os que aguardam melhores dias, porque deveriam correr atrás deles, os que correm atrás deles porque são precipitados; os que têm ideologia porque são sectários, os que a não têm porque são anémonas; os que são a favor do estado social, porque o estado social esgota as finanças públicas, os que são contra o estado social porque são contra as pessoas; os que se revoltam porque o que querem é entregar o país aos credores, os que não se revoltam porque há mais mundo para além das finanças públicas; os que escolhem receber o subsídio de desemprego, e não trabalhar no que não seja a sua área, porque são oportunistas, os que recusam o subsídio, preferindo fazer seja o que for, porque bem que podiam "estar no subsídio" a ganhar um pouco mais que num miserável emprego; os que defendem o RSI porque o Estado não pode andar a alimentar malandros, os que são contra o RSI porque nem todas as pessoas não trabalham só porque não querem; os que ajudam os carenciados porque pagamos impostos para o Estado tratar disso, os que não ajudam porque, num país neste estado, há que ser solidário....
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