- De quem são elas? retorquiu, caturra, o homem de negócios.
- Sei lá. De ninguém.
- Então são minhas porque fui o primeiro a pensar nisso.
- Isso basta?
- Com certeza. Quando tu encontras um diamante que não é de ninguém, é teu. Quando encontras uma ilha que não é de ninguém, é tua. Quando tens uma ideia, tiras a patente: é tua. E eu possuo as estrelas visto que ninguém, antes de mim, pensou em as possuir.
- Lá isso é verdade, disse o principezinho. E o que fazes delas?
- Administro-as. Conto-as e reconto-as, disse o homem e negócios. E difícil, mas eu sou um homem sério.
O principezinho ainda não se dava por satisfeito.
- Quanto a mim, se possuo um lenço, posso pô-lo ao pescoço e levá-lo. Se possuo uma flor, posso colhê-la e levá-la. Mas tu não podes colher as estrelas.
- Não, mas posso pô-las no Banco.
- O que quer dizer isso?
- Quer dizer que escrevo num papelinho o número das minhas estrelas. Depois fecho esse papelinho à chave numa gaveta.
- Nada mais?
- É quanto basta!
Tem graça, pensou o principezinho. É muito poético, mas não é muito sério.
O principezinho tinha, a respeito das coisas sérias, ideias muito diferentes das ideias das pessoas crescidas."
"O Principezinho". Atoine de Saint-Exupéry. Editorial Aster. Tradução de Ruy Belo.
Sem comentários:
Enviar um comentário