FMI: quando a bela adormecida acorda do seu longo sono


"(...)Até ao momento, diz o estudo [do FMI] as previsões para a evolução da economia têm sido efectuadas partindo do pressuposto de que um euro de medidas de austeridade provoca uma queda adicional do PIB de 0,5 euros. O FMI vem agora reconhecer que, afinal, a perda do PIB pode ir dos 0,9 euros até aos 1,7 euros. Uma conclusão que pode explicar muitas das previsões falhadas até agora em economias como a grega, portuguesa, irlandesa ou espanhola.

Para o próximo ano, o Governo prevê uma contracção da economia de 1%, com um recuo de 2,6% no consumo privado. Valores que são mais favoráveis do que os que se deverão registar este ano (variação negativa de 3% no PIB e de 5,8% no consumo privado) e que se verificaram em 2011 (variação negativa de 1,7% no PIB e de 3,9% no consumo privado). Isto apesar de, segundo aquilo que foi apresentado pelo ministro das Finanças para o Orçamento do Estado, se poder esperar que 2013 seja o ano com uma dose mais forte de medidas que afectam de forma directa o rendimento disponível dos portugueses.

Usando as novas contas do FMI é fácil perceber o potencial de erro que existe. Por um lado, de acordo com os modelos que ainda estão a ser usados e agora considerados errados, os cerca de 5500 milhões de euros de medidas adicionais de austeridade previstas para este ano (considerando apenas as que afectam o rendimento disponível) levariam a um recuo adicional do PIB de 1,6 pontos percentuais. Por outro lado, usando os números agora aconselhados pelo FMI, a quebra adicional do PIB poderia estar entre 2,9 e 5,5 pontos percentuais. (...)".



Jornal Público de 14.10.2012.

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