Explicar? Mas explicar o quê?


Ontem à noite, deixei-me ficar a ouvir Ângelo Correia a perorar sobre a inépcia do Governo em explicar aos portugueses o que está a fazer no âmbito da austeridade, porquê e com que objectivo, pelo que o Executivo teria, na sua opinião, doravante, de cumprir melhor esse papel.

Ficou-me uma dúvida: Ângelo Correia, e outros comentadores que já ouvi na mesma linha, querem que Passos Coelho e Vítor Gaspar expliquem concretamente ainda o quê?

Se o Governo não explica, é porque já explicou o que havia para explicar sobre as razões das medidas de austeridade, com-power-points-e-tudo, e nós-já-percebemos-muito-obrigado: elas tendem a arrecadar o máximo de impostos (com quase ausência de política fiscal, atropelo da economia e asfixia dos serviços públicos), por período indeterminado e indeterminável, com vista ao pagamento de uma dívida colossal e à redução de um déficite assombroso. O que é que, deste quadro de empobrecimento generalizado do país, Ângelo Correia pensa necessitar de esclarecimentos adicionais?

Tendo Portugal atingido, em outubro, 15,8% de taxa de desemprego ( o horrendo significado dos números do desemprego aqui), em vertiginosa tendência de subida, para quê entreter a consciência, pedindo inglórias explicações?

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