O que não estiver nos livros da escola, não sabe


Conversa ao jantar de um dia destes, entre mãe curiosa do que pensam cabecinhas adolescentes, e filho de 14 anos que se presta a estas conversas, não porque seja nerd, mas por desfastio, porque não há televisão na cozinha.
- Quem é o melhor aluno da tua turma?
- Não sei o A., o J., o R...quer dizer, o R. é muito bom, estuda muito mas, faz impressão, parece que lhe falta... cultura geral.
- Cultura geral? Como assim? - ri-me, pensando na cultura geral que acho sempre que o meu próprio querido adolescente não tem.
- Não sabe coisas que ...é estranho, o que não estiver nos livros da escola, não sabe....
- Se calhar, não tem pais e avós, como tu tens, que lhe respondam a todas as perguntas e mais uma que se lembre de fazer, ou que saibam pelo menos onde ir procurar as respostas.
O miúdo olhou-me, atónito, por entre duas garfadas finais.
- É, pode ser. Nunca tinha pensado nisso. Isso é importante, não é?
Encolhi os ombros.
- Se for por isso que o R. é assim, é mesmo mais importante do que é justo para ele. Pode chegar exactamente onde vocês chegarem, mas com muito mais esforço. É, aliás, uma vantagem que tu desperdiças vezes demais, já reparaste?
- Hum, hum...posso levantar-me da mesa e ir jogar?
Suspirei. Mãe que é chata para pregar sabatinas à mínima, é obviamente mãe que é chata para assentir, bandeira branca ao vento, mas dizer de imediato: "- Desde que levantes a mesa!".

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