Nunca me senti tão baralhada na vida. Sempre soube o valor da verdade e da mentira e sempre utilizei sem pudor aquelas chamadas «mentiras brancas»: as que nos livram de qualquer coisa que não nos apetece fazer, que nos desculpam face compromissos sociais que deveríamos mas não nos apetece cumprir. Sei que as usam comigo também e detectadas aos primeiros segundos, a verdade é que já nem as ouço...e não fico nada ofendida. Sinto que pelo menos quem me fala respeita-me ao ponto de chegar a mentir, porque pensa que ficaria magoada com um simples, «desculpa, não me apetece»...
A mentira desrespeitosa, aquela que é usada para fugir a uma responsabilidade, aquela que é manipuladora, essa sim, ofende-me! E de repente dei comigo a entrar na sua teia. A ter de olhar para por cima do ombro, em cada momento, para me certificar em que momento vou ser driblada. É estranho, tão estranho sentir como, para prosseguir objectivos que lhe são próprios e normalmente profundamente egoístas, as pessoas são capazes de dizer não importa o quê, com o ar mais cândido do mundo. Como se, de repente, descolassem a realidade e passassem a viver um mundo comandado exclusivamente pelos seus próprios interesses, indiferentes a valores que sempre respeitaram e cumpriram.
Essas mentiras são as «mentiras negras», e são como as drogas duras: tomadas uma ou duas vezes, o seu utilizador fica refém da ideia de que não é grave tomá-la nas doses que apetecem. É por isso que são perigosas. É por isso que me assustam...
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