«(...) De facto, os livros actuam de maneira misteriosa, como Deus. E alguns, ainda de forma mais misteriosa, como o Diabo. Não faz mal, sem eles seríamos muito piores e menos interessantes (...)». Pacheco Pereira in Público, 18 de Outubro 2008.
Curiosamente, ainda no outro dia estava a conversar com uma amiga minha sobre a influência que os livros têm na nossa vida, sem que nos apercebamos. Da forma como, mesmo não nos lembrando da história que motiva um livro, que constituiu o fio condutor da sua narrativa - ou recordando-a apenas vagamente - sabemos que nos marcou para a vida. Que está presente em cada opinião que formulamos, na forma como nos relacionamos com os outros, no fundo, em cada linha da nossa personalidade.
Somos sempre necessariamente mais ricos com eles, objectivamente mais sábios mas, sobretudo, infinitamente diferentes do que poderíamos ter sido sem eles. Seja como Deus ou, às vezes, como o Diabo, eles determinam o nosso destino bem mais do que teremos, na maior parte das vezes, absoluta consciência.
Por outro lado, numa ilha deserta, sem os livros «da nossa vida», seremos ainda assim o seu fascinante e secreto resultado. E essa ilha deserta pode mesmo ser o último momento da nossa passagem pelo mundo, em que os livros já nem sequer nos interessem. O nosso suspiro final, incluí-los-á.
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