«Um dia tão feliz.
O nevoeiro levantou cedo, eu trabalhava no jardim.
Os beija-flores pairavam sobre a madressilva.
Não havia na terra coisa que eu quisesse ter.
Não conhecia ninguém digno da minha inveja.
O que houvera de mal, já tinha esquecido.
Não tinha vergonha de me lembrar que tinha sido quem fôra.
No meu corpo nada doía.
Endireitando as costas, via as velas e o mar azul.»
Dádiva de Czeslaw Milosz in «Alguns Gostam de Poesia -Antologia»
Não é extraordinário que seja preciso tão pouco para um dia tão feliz? Lembrei-me que há já algum tempo não tenho um dia tão feliz. Mas consola-me, reconforta-me, que isto para mim seja ainda a imagem perfeita de um dia tão feliz: não me há-de ser difícil, afinal, voltar a ter um dia tão feliz.
2 comentários:
rapinei-te o poema. apetecia-me rapinar-te o outro, mas já sei que não posso. :-(
Rapina, rapina. Foste tu que me deste o livro.Amo-os, o livro e este poema em especial. E a ti, que és um doce. Um «dia tão feliz» para ti, minha querida amig.
Enviar um comentário