A emancipação feminina, que nos transformou em super-mulheres, exige de nós que sejamos boas filhas, boas mães, boas esposas, boas profissionais, boas donas de casa, boas amigas dos nossos amigos, boas educadoras e explicadoras para os nossos filhos, boas médicas e psicólogas para sabermos lidar com doenças bipolares, álcool, drogas, e afins, dos pais, irmãos e filhos e até boas samaritanas para as nossas empregadas a quem a sorte ainda bafejou menos que nós próprias.
Mas ai de nós, mulheres. A um tempo, timoneiras e remadoras de barcos à beira do naufrágio, na azáfama daquelas múltiplas tarefas, para os nossos maridos/companheiros, homens em geral, não podemos chorar, senão enfadamos, nem queixar, que eles não percebem de quê, não nos podemos distrair, que nos abandonam, falamos e não nos ouvem, para acabarem por nos dar razão só às vezes e, quase sempre, quando já é tarde demais...
Ainda bem que não me parece que haja mesmo isso de céu e inferno: ainda acabavam no céu os homens/maridos/companheiros, com a sua despreocupação geral e consciência neutra (nem boa, nem má, antes pelo contrário) e nós, por certo, no inferno, a cozinhar, nas suas chamas, o jantarinho dos senhores.
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