Começar de novo e muito melhor

Resolvi antecipar o momento de falar dos habituais 12 desejos para o ano novo. Para além dos genéricos votos de paz mundial e saúde e felicidade para os que me são mais queridos e para mim, opto este ano, atentas as nóveis circunstâncias, não pela formulação de desejos mas pela verbalização de exigências que me imponho cumprir, em 2009, por forma concretizar de modo eficaz a minha firme intenção de «começar de novo e muito melhor»:

1. Assegurar que o ressentimento não logrará passar de mero estado transitório a condição;

2. Garantir que o meu filho guardará para sempre da infância a recordação de uma época feliz;

3. Recorrer às memórias tão só para me redescobrir e nunca para me aniquilar;

4. Polir o futuro e desmascarar definitivamente o lado mais infeliz meu passado, vendo o que porventura sempre fingi não perceber, não me recriminando todavia por não o ter feito oportunamente;

5. Tentar não repetir erros próprios da minha personalidade, mas manter a ética por que sempre tentei guiar-me;

6. Relevar o inútil acessório e cuidar afincadamente do principal: o meu filho, a minha família em geral, os meus amigos, o meu trabalho, os meus livros, os meus "escrevinhos"... o lado feliz da minha vida, em suma;

7. Substituir sempre sentimentos maus por pensamentos bons (o passo seguinte, sentimentos maus por bons, terá provavelmente de esperar por 2010);

8. Optar por caminhos seguros em lugar de trilhos pedregosos ou atalhos precipitados; por outras palavras, assegurar-me, em cada momento, que quero de facto aquilo que penso que quero, como dizia T.S. Eliot.

9. Procurar que os meus impulsos constituam, por definição, actos de sabedoria;

10. Se tiver, por vezes, de ser contida nos actos, não prescindir nunca da liberdade no pensamento e paixão no sentimento;

11. Honrar o que sempre procurei ser, por forma a me poder orgulhar do que serei;

12. Respeitar, apreciar e entregar-me a quem me queira bem e precise de mim, e adquirir sólida indiferença e total imunidade relativamente a quem revelou ou revelar desconsideração pelo que fui e sou.