Um dia, há já alguns anos, meia desesperada com umas dores nas pernas, dei comigo numa massagista meio médium. Fui lá mais algumas vezes, ainda que as melhoras não fossem muito notórias. A senhora ganhou confiança e, pergunta aqui, pergunta ali, lá se apercebeu, nesse meio tempo, que o facto de eu andar meio triste com a minha vida também não estaria a ajudar muito nas melhoras (acabei por perceber mais tarde que tinha razão: finda a tristeza, findas as dores mais agudas).
Um belo dia, cheguei lá mesmo meia telhuda e, não sei se pelo relaxamento da massagem, se porque, de facto, estaria num pico de tristeza, lágrimas incontidas corriam-me, no final, pela cara abaixo.
Abanou a cabeça, meio compungida, meio decidida e ordenou-me literalmente que me sentasse num banquinho redondo daqueles que rodam.
Senti-me envergonhada com aquela água toda que me alagava o rosto. Que disparate. Que coisa irritante que me tinha dado. Apetecia-me fugir dali e apagar da minha vida aqueles últimos minutos. Mas nem tive forças para não obedecer. Sentei-me, portanto, obedientemente.
De surpresa, aproximou-se de mim por trás, apertou-me a cabeça com força e decretou: - Nahhh...pensei que era genético...mas é karma!
Não sei se era essa a intenção, mas a verdade é que aquela afirmação, assim, saída do nada (ou pelos vistos da minha cabeça) me deu tanta, mas tanta, vontade de rir que a de chorar me passou num ápice.
O dia de hoje, somado aos que o têm antecedido de há uns meses a esta parte têm-me lembrado tanto a D. Justina: - É karma!!
Mas a verdade é que, agora como então, a ideia me dá vontade de rir. De maus karmas está o mundo cheio. Há mas é que erguer a cabeça e secar as lágrimas que, como diz o bom e velho Oscar: «As meninas feias choram, as bonitas vão às compras».
1 comentário:
estranho, muito estranho: ontem pus aqui um coment que não consta. Dizia-te que eu era uma menina muito feia, muito feia porque prefiro chorar a fazer compras. Mas entre ver-te chorar e ir contigo à lojinha do Tenente ou até mesmo a uma tendinha chinesa não há que hesitar. Anseio pelos dias em que não tenhamos que optar por uma coisa ou outra e que os dias te sejam leves e felizes. Sem mais. (imagina que a palavrinha que tenho escrever aqui em baixo é nem mais nem menos que vingatio ... estranho, muito estranho! ;-))
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