O automóvel verde

O automóvel verde. Adorei o automóvel verde da fotografia que a minha amiga Io tirou em Cuba (ainda lhe vou pedir para mo deixar furtar para aqui).

Sempre achei que se fosse um dia a Havana traria centenas de fotografias de viaturas como aquela, bem como de prédios estilo colonial. Depois, os relatos de Cuba quotidiana doíam demais, e nem mesmo a sempre eterna alegria dos cubanos me demoveram da secreta decisão de «boicotar» as minhas próprias intenções e trocar uma visita àquele país por um qualquer outro menos colorido, mas também menos dolorido - em que não me pedissem nas ruas lápis e sabonetes.

Manifestamente, trata-se da inconfessável cobardia do turista que não quer ser incomodado por maus pensamentos e sentimentos contraditórios em férias, como é óbvio, e nunca o escondi sequer de mim.

Como se os outros países não tivessem todos também esqueletos nos seus armários...pois, é certo.
Mas a verdade é que, no fundo, no fundo, de esquerda ou de direita, gostávamos todos que aquele projecto social ( já nem digo político) que se anunciava cheio de esperança em todos os seus aspectos, não revelasse, pelo menos de forma tão visível, incontornável e desconfortável, as suas fragilidades, ainda que por entre os méritos amplamente reconhecidos sobretudo no que respeita a saúde e educação.

Por isso, Cuba, pelo menos para mim, encerra um indefinível sentimento de nostalgia do nunca acontecido, que acabou por a tornar uma viagem sempre adiada e adiável. Quem sabe se os posts da minha querida amiga conseguirão alteram este meu sentimento?

PS - Isto era para ser um comentário a um post no blogue dela. Não um post aqui. Presumi, porém, que os leitores dela não merecessem tamanho tédio. Fica aqui guardadinho, portanto.

1 comentário:

io disse...

já rapinei. eliminei as partes que te podem denunciar. beijinhos e obrigada. Adoro-te!