Cada qual pode tornar-se feliz

«São boas as circunstâncias em que nascemos, se não as abandonarmos. A natureza fez com que não sejam necessários grandes exageros para se viver bem: cada qual pode tornar-se feliz. Há que prestar pouca importância ao que é exterior e ao que não tem grande peso, nem num sentido, nem no outro; as circunstâncias favoráveis não elevam o sábio, nem as adversas o afundam, pois sempre se esforçou por colocar em si próprio a sua satisfação».

Séneca in «A consolação a Helvia». Citado in «Séneca - Vida, pensamento e obra». Ed. Público.

O estoicismo de Séneca tem isto de universalmente encantador. A resignação à fortuna que nos calha em sorte, não é uma resignação pela inércia. Corresponde a um esforço efectivo de lograrmos encontrar a felicidade em nós próprios e no âmbito da nossa circunstância.

Sem nunca o ter conceptualizado, esse é um traço da minha personalidade. É-me natural. Para muitos não o é, porém. Procuram fora de si, no outro, nos bens materiais (que sei eu onde a procuram), a satisfação que o seu próprio «eu» não lhes concedeu ou concederá nunca.

Não se trata de uma opção, pelo menos de uma opção consciente.

Todavia se, ao contrário de Séneca, não estou convencida que isso se ensine, também não estou sequer convencida que seja essa a receita que faça andar o mundo. Apenas que esse é o caminho certo para a minha felicidade. Os outros hão-de encontrá-la, ou não, onde lhes aprouver.

Sem comentários: