De mergulho na Escola Pública VII

Dia de fúria. O meu puto de 10 anos teve suficiente menos a língua portuguesa e, revendo o teste, concluí mesmo que teria merecido um medíocre.

É fácil perceber, da simples leitura das suas respostas, que mal percebeu o texto que tinha para interpretar, pouco ou nada sabe de gramática, sendo absolutamente descuidado na construção das frases - muitas até incompletas - e negligente na respectiva pontuação.

Há ali um problema para resolver em casa. Dele nem vou culpar a professora, porque sinceramente nem consigo perceber se é ou não competente na arte de ensinar putos de dez anos a perceberem o sentido da gramática e a construírem frases como deve ser.

Vou dar de barato que o gaiato, ou pura e simplesmente se esqueceu de tudo o que se deveria lembrar para fazer aquele teste - que, aliás, nem era particularmente difícil - ou simplesmente se «borrifou» para o mesmo. Começa-se já por um corte total em privilégios como televisão e computador e no estabelecimento programas intensivos de leituras, estudo de gramática, interpretação de textos e feitura de composições, até chegar uma nota de jeito a Língua Portuguesa.

Estando eu, portanto, em pleno acesso de desespero com a criança e a debitar o respectivo castigo ponto a ponto, mantive todavia os olhos a passarem pelas respostas, à pesca da asneira seguinte.

Cheguei à parte final, a composição (a que a professora chama «produção de texto»...não me perguntem porquê, imagino que a ideia nem seja dela mas de algum iluminado da 5 de Outubro).

Leio-a rapidamente - minúscula claro- e concluo que está muito fraca e, em geral, mal pontuada. Distraída e a pensar o que lhe havia de dizer sobre o texto, procuro apoio nos comentários a vermelho da professora, à composição. Cito:

«Não há pontuação?
Devia
de haver melhor construção frásica»
.

Assinei o teste enquanto encarregada de educação e no prolongamento da minha fúria, pespeguei com uma cruz azul por cima do «de», com indicações expressas ao miúdo para esclarecer a professora que fui eu que a coloquei se, acaso, ela procurasse averiguar a autoria de afronta.

No outro dia, comentei uma notícia na net, relatando que os professores do meu filho, salvo honrosa excepção, diziam «vistes?» e «ouvistes?» e um, imagino, professor/a surgiu «em brasa», dizer que se o meu filho reparava nisso era porque não estava atento ao que deveria estar.

Que ele não está atento a muita coisa que deveria estar, é manifesto. Mas só tem dez anos e outros tantos para corrigir essa sua falha.

O meu problema é outro. Com quem contam, ele e os outros miúdos da idade dele, para se corrigirem?

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