Se as pessoas soubessem como são feitas as notícias

Já me tinham dito que as coisas poderiam estar a começar a ser assim. Que as redes sociais da net estariam a girar sobre si mesmas, como cães atrás do próprio rabo, e os comentários ali lançados a ser fonte de notícias nas redacções de jornais portugueses.

Contaram-me mesmo um caso concreto que envolvia um suposto burburinho gerado à volta do uso de um casaco de peles, que incomodara afinal apenas duas pessoas que integravam essas redes sociais.

Coloquei este pedacinho de informação numa caixinha provisória, não porque duvidasse da idoneidade de quem mo contou - muito pelo contrário - mas, cautelosamente, aguardando novos elementos de prova (formação jurídica oblige).

Pacheco Pereira, talvez já antes - não li -, mas na sexta feira passada, 2 de Maio, no Público, ilustra profusamente a informação que guardara na tal gavetinha, confirmando-me a possibilidade de aquele não ser um caso isolado. Conclui: «se as pessoas soubessem como são feitas as notícias em Portugal, deixavam de ler os jornais a não ser como pura ficção».

Resta-me, portanto, a expectativa de que as direcções dos jornais, sobretudo de referência, ignorassem inda esta realidade, e a confiança de que se proponham agora a averiguar da sua veracidade e extensão para colocarem, rapidamente, um ponto final neste estado de coisas.

Se isso não acontecer, lamento, mas tenho um conjunto de livros de boa literatura de ficção e de ensaios ainda por explorar e o meu tempo disponível para a leitura, até agora partilhado entre aqueles e a informação jornalística produzida pela imprensa nacional, é escasso e precioso...

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