De mergulho na escola pública X

No outro dia o meu filhote protestou. Os colegas de turma, nos dias de educação física, iam para a escola com roupa comum que trocavam à hora da aula. Apenas ele levava sempre já de casa o fato de treino vestido.

Como conheço os seus hábitos de "pasmar" (conversar, rir, olhar para os outros) em lugar de fazer o que tem para fazer e de perder tudo ainda por cima, torci o nariz, mas.. - Ok, à vontade!

É evidente que as calças só regressaram três dias depois e perante a ameaça, que ele sabia que concretizaria, de ir eu própria procurá-las; não pelo seu valor - que já não eram novas, nem de boa loja - mas porque considero um mau princípio, o generalizado desrespeito de cada um pelos seus pertences, o que pelos vistos está na moda.

No ano passado, perdeu um blusão. Achei natural ir procurá-lo, já que ele não o encontrava. Percebi, então, que se me transformasse numa ET naquele momento ninguém estranharia.

Uma auxiliar de acção educativa indicou-me o pavilhão do lado. Que crise? Só se for de valores. Um contentor enorme esperava-me com pilhas de calças, calções, saias, blusões, fatos de treino, camisolas de lã, T-shirts, cachecois, sei lá que mais, alguns de boas marcas ....

Perante o meu espanto por tão inesperada manifestação de «sociedade da abundância» - estávamos afinal numa escola pública relativamente pequena e nem sequer a meio do ano, a senhora encolheu os ombros: - E ainda não viu nada. No ginásio há duas ou três vezes isso.

Era verdade. Ninguém imagina a quantidade de roupa que os miúdos deixam literalmente desperdiçada numa escola, sem que aparentemente nem eles, nem sobretudo os pais, se preocupem com o assunto.

2 comentários:

io disse...

Que estranho! E não vão procurar? Que estranho!

antuérpia disse...

Pois, parece que não. Parece um mundo de pernas para o ar, não é?