Sexta-feira passada, Vasco Pulido Valente (VPV) insurgia-se, na crónica habitual do jornal Público, contra o facto de 63% dos portugueses tolerarem ou, nas suas palavras, aprovarem a corrupção, «desde que ela produza efeitos benéficos para a generalidade da população».
VPV partia desta conclusão, alcançada por um estudo de Luís de Sousa, sociólogo do ICS, para evidenciar, ao longo da sua coluna, o quanto somos um povo moralmente desprezível e absolutamente falho de carácter, «que vive no seu país como se vivesse sob ocupação estrangeira».
Independentemente do seu desvalor jurídico-ético - e de que existe aliás cada vez maior consciência - é facto assente que a corrupção nunca traz benefícios para a generalidade da população, por sair muito cara ao Estado e ser, portanto, economicamente ineficiente.
Dei comigo a perguntar-me: se acaso o estudo concluísse que 63% dos portugueses «aceitaria a poluição dos rios desde que um peixe a engolisse toda», VPV também peroraria sobre o sentido ético (neste caso ambiental) dos portugueses? Ou começaria por lamentar a incontornável e aparentemente inultrapassável origem do problema, ou seja, a extensão da nossa ignorância?
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