«Fúria de viver» de Nicholas Ray «(...) O tédio é um perigo na vida de um adolescente. O tédio é o sentimento que gerou tantos pequenos e grandes infortúnios em todas as gerações de jovens, é pré-condição das mais diversas formas de mal-estar psicológico. O tédio verdadeiro vem de dentro, não de fora: os mais irreparavelmente entediados são geralmente jovens privilegiados, que já têm tudo, incluindo o tempo que parece não ter fim e que não sabem como empregar. Uma criança deixada a vagabundear numa loja de brinquedos, depois do encantamento e do frenesi do primeiro impacto, deixa de saber o que fazer: o excesso de estímulos inibe a criatividade, torna a criança apática e passiva (....)»
«(...) Se é possível tornar-se entediado, deve também ser possível ensinar às crianças a não se entediarem em adolescentes e adultos. O único antídoto contra o tédio é constituído pela inteligência criativa. Não é decerto fácil adquiri-la, mas tentemos perguntar a um pai quantas vezes levou o filho ou a filha a um museu ou ficou com ele/ela durante meia hora (e não dois minutos) a ver o pôr-do-sol. Poucos deles crêem pensável fazer algo mais do que inscrevê-los na piscina ou no clube desportivo (...)»
Paolo Crepet in «Não somos capazes de os ouvir» - Ed. Ambar
2 comentários:
Tão certeiro, caramba.
:) pois, Io, bingo. E um livro comprado naquela feira da Avª d Roma, no Natal e que, deduzi recentemente, deve servir de antecâmara do corredor da morte de muitos como ele. O mundo está louco.
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