Restam os avós, o vazio, as casas fechadas e as aldeias mortas

«Compreendo que uma escola com cinco ou dez alunos não seja viável financeiramente, nem aconselhável pedagogicamente. Mas fechar todas as escolas (e são todas no interior) com menos de 20 alunos já é diferente e dificilmente explicável por razões que não apenas financeiras e de curto prazo. A médio e a longo prazo, este é o caminho certeiro para acabar de matar o Interior: atrás das crianças vão os pais; atrás do pais vão os empregos e a economia, o comércio e a vida activa; restam os avós, o vazio e as casas fechadas, as aldeias mortas. Se alguém pensasse Portugal a longo prazo ou se, ao menos, estudasse o seu passado recente, veria que este é o maior erro que cometemos. Poupamos hoje, pagamos amanhã e caro.»

Miguel Sousa Tavares, «Expresso», 05.06.2010


Se alguém, mandatado pelo nosso Executivo em funções, chegasse ali ao Mosteiro dos Jerónimos e, a golpes de picareta, desatasse a destrui-lo, nem mesmo MST colocaria isso apenas no ponto 5. da sua crónica do Expresso. Assim, encontrou ainda quatro prioridades para comentar antes desta lenta catástrofe que sugará Portugal para um buraco negro, e que ele próprio, com argumentos incontornáveis, admite ser o maior erro que cometemos. Há alguma coisa que me escapa no racional deste país.

1 comentário:

io disse...

Racional? Dove?