Hospitais: acordos para que vos quero

A minha amiga A. pegou no telefone para marcar um exame de diagnóstico no Hospital CUF Belém, porque sabia que tinha acordo com a ADSE.
Pergunta imediata de uma voz simpática: -Qual é o seu sistema de saúde, ou seguro?
- ADSE.
- Lamento. Não estamos a efectuar marcações, mas pode inscrever-se numa lista de espera para um contacto futuro que lhe faremos daqui a sete meses para marcação - informou a voz simpática.
A A. engoliu em seco. Sete meses com aquela dor no braço com causas por diagnosticar, acrescido de mais não se sabia quanto tempo? Enfim, logo se veria. Inscreveu-se na tal lista.
Comentando com um amigo comum, ele asseverou-lhe que estavam com certeza a fazer aquilo que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) havia expressamente proibido, por exemplo, ao Hospital dos Lusíadas, por deliberação do seu Conselho Directivo, de 17 de Setembro de 2009, proferida no âmbito do Processo de Inquérito nº ERS/016/09: descriminar os doentes beneficiários da ADSE, estabelecendo diferentes tempos de espera entre eles e quem se apresentasse como «particular».
Não acreditou.
-Não? Que exame tens de fazer? - e pega no telefone, acto contínuo.
A mera resposta "particular", à pergunta inicial, gerou um largo sorriso de boas vindas: sim, sim, claro, exame já para daí a oito dias naquele mesmo hospital, ah... e se tivesse muita urgência poderia conseguir marcação para qualquer outro hospital da mesma cadeia, ainda com maior brevidade.
Um fax indignado da A. relatando tudo resolveu a questão (que se teria ficado a dever a um mal-entendido, obviamente, disseram-lhe). Em oito dias fez o exame.
À queima-roupa: que tal a ERS proibir simplesmente a perguntinha «qual o sistema de saúde ou seguro a que pertence»? Ou que tal os utentes se recusarem simplesmente a responder a essa pergunta?

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