Esta semana, se bem entendi...

Os últimos dislates de A.J. Jardim obrigaram-me a calçar umas socas alemãs. Agora sei exactamente o quanto eles desesperam com o espírito «o dinheiro há-de aparecer», próprio dos povos do sul da Europa.

***
Uma farmacêutica lamentava-se ontem, na rádio, do estado de insolvência de muitas farmácias. Atribuía o facto também à redução do preço dos medicamentos, dando o exemplo de que no último ano (dou alguma margem, porque até creio que era num período menor) o preço de um dos medicamentos mais vendidos em Portugal (o Omeprazol) fora reduzido em 1000%. 1000%? Arrepiei-me: se as farmácias não estão agora a praticar vendas com prejuízo - o que duvido- viviam antes com margens de lucro manifestamente absurdas (conheço os argumentos, mas poupem-me, as altas qualificações dos profissionais justificavam isto?). Por outras palavras, devemos lamentar as farmácias agora, ou os consumidores retroactivamente?

***
A minha gestora de conta queixava-se dos incumprimentos nos créditos. Ah, pois, comentei, e lembrando-me das lojas fechadas de fresco pelas quais tinha passado à ida para o Banco, entrei distraída na estafada questão do crédito mal-parado.
- Não! Não está a perceber, não é crédito mal-parado. São clientes com prestações em atraso, apenas porque pediram aos patrões para suspenderem a transferência de salário para a sua conta. Receberam-no em «cash» para irem de férias, e dizem-mo na cara.

***
O médico olhou-me por cima dos óculos: - Huuum, pois, convém operar de novo. Suspirei. Nada de novo, já esperava. Orçamento, por favor, pedi. Ele: - No meu hospital (público), o Estado paga € 1 300 por cada operação destas que eu faça a um utente do serviço público. Já viu? Com duas destas, tinha o meu mês ganho.
Deu-me um orçamento de 1/3 daquele valor.

***
Parece uma evidência que já nem vale a pena tentar escamotear: até Dezembro, a Grécia seguida de Portugal correm contra o tempo, e o tempo ganhará. Mas qual será, então, o país europeu que ficará de pé para entregar a medalha de ouro ao triunfante tempo?

2 comentários:

io disse...

Isto está tudo mal. De uma ponta à outra. Oxalá, nos restem as árvores. O sol. Setembro. os beijos. os abraços. e os amores com ou sem Maria João.

antuérpia disse...

[Sem a Maria João? O MEC que não te ouça eheheh]

...e rosas, rosas, molhos e molhos de rosas :))