"Qualquer relacionamento é feito de regras ainda que a instituição das mesmas nunca seja assunto fácil. No entanto, ultrapassada a dificuldade inicial, deixa de importar quem estabeleceu as regras, ou pelo menos deixa de se falar nisso. O que impôs a regra está satisfeito com o resultado. O que a aceitou, também. Ou então prefere a aceitação da regra à ruptura que o não acatamento da regra poderia causar. Mas se houver, ou melhor, quando houver uma ruptura, o momento da instituição das regras voltará a ter importância, não para aquele que as impôs, mas para aquele que a elas foi sujeito. Este utilizará as regras a que se sujeitou como exemplo de que o desamor que já teria começado há mais tempo, ou que nem sequer teria havido amor. Não tendo nada mais a perder, manifestará a sua mágoa. De nada adiantará. As mágoas extemporâneas são ainda mais inúteis."
In "O chão dos pardais", Dulce Maria Cardoso. ASA.
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