"não passa, américo, não passa. a morte dela não passa. o américo esperou uns segundos por que acalmasse. procurou um silêncio limpo como uma folha muito limpa onde pudesse escrever uma frase mais digna e disse, um dia essa saudade vai ser benigna. a lembrança da sua esposa vai trazer-lhe um sorriso aos lábios porque é isso que a saudade faz, constrói uma memória que nós nos orgulhamos de guardar, como um troféu de vida. um dia, senhor silva, a sua esposa vai ser uma memória que já não lhe dói e que lhe traz apenas felicidade. a felicidade de ter partilhado consigo um amor incrível que não pode mais fazê-lo sofrer, apenas levá-lo à glória de o ter vivido, de o ter merecido. tenho até inveja de si, senhor silva, porque eu tenho trinta um anos e estou por aqui solteiro, já não vou a tempo de ter cinquenta anos de uma grande paixão."
"A máquina de fazer espanhois". valter hugo mãe. Alfaguara.

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