E a magia de aprender?


Será que não há um Governo, um que seja, que consiga de uma vez por todas, acabar com a exposição da classe dos professores à humilhação anual dos benditos concursos para colocação nas escolas públicas?

Não vou entrar aqui na estafada discussão do quem tem razão, do desemprego a que se encontram muitos condenados, das suas férias, dos horários zero, do trabalho que prestam ou não fora e dentro da escola, da redução de escolas e do aumento de número de alunos por turma...

Refiro-me antes ao que me parece um imperativo ético urgente de haver um cessar fogo na eterna guerrilha entre professores e Ministério da Educação, na colocação dos docentes. Será possível que não haja uma solução que agrade a todas as partes, e que não passe por estes concursos humilhantes e cujos contornos são tão lamentavelmente mediatizáveis?

Coloco-me na posição dos alunos frente a professores que lhes dão aulas, depois de saberem através da televisão pelo que passaram nos concursos, e sinto-me a assistir a uma peça de teatro, conhecendo os vícios de cada um dos actores, as suas tricas, os seus problemas financeiros, a forma como foram recrutados, as invejazinhas,  enfim, pormenores desprezíveis para a peça tal como nos deve ser revelada. Indiscrições como estas, se calha haver, impedem-me de apreciar simultaneamente com a entrega, a emoção e a objectividade necessárias, o texto, a encenação e a representação.

É o distanciamento dos actores e o interesse pela peça que se esboroa, a magia do momento que se dissipa..e afinal de contas, magia é o que deve haver também nos momentos de aprendizagem, ou não?

Sem comentários: