Como uma meada de lã


Um adolescente pode ser como uma meada de lã. Começamos por a olhar sem lhe encontrar a ponta. Depois, descobrimo-la e puxa-mo-la. Pensamos que fomos espertos. Não era fácil, mas ali está a meada a desenrolar-se em direção ao novelo. De repente, ficamos com um fio solto na mão. Ah, estava cortado. Muito bem, recomecemos. Mas onde estará a nova ponta? Cá está. Desta vez, está tudo controlado. Ooops... são afinal uns míseros centímetros de fio. Ora, vamos lá. Agora é que é. Não? Como não? De novo. Mais uma vez. Quinta vez. Décima, vigésima segunda, quinquagésima nona vez. Vezes, vezes, vezes sem conta. Só quando os patinhos, feios e desengonçados, passam a jovens e belos cisnes é que percebemos que valeu a pena passar uma adolescência inteira a desenrolar fios partidos de uma meada, que chegámos a pensar que não teria fim.

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