Portugal: outra vez o truque de Deu-la-deu?


Deu-la-deu Martins -
Estátua em Monção
 
No Séc. XIV, depois de um longo cerco dos castelhanos às muralhas de Monção, a população morria de fome na fortaleza sitiada. Presumindo isso mesmo, os sitiantes esperavam pacientemente a rendição dos portugueses. Com notável sentido de oportunidade, D. Vasco Rodrigues de Abreu, o alcaide-mor de Monção, encontrava-se ausente noutras guerras, pelo que a sua mulher terá pegado nos últimos pães e, atirando-os do alto das muralhas aos inimigos, gritado:  "Deus lo deu, Deus lo há dado".
 
Deu-la-deu Martins teve assim os seus quinze minutos de fama, que valeram a Monção livrar-se dos nossos então arqui-inimigos, convencidos estes de que existia fartura de mantimentos na cidade.
 
Ouve-se Vítor Gaspar e Passos Coelho, a propósito da não extensão a Portugal das vantagens concedidas à Grécia (mecanismo que, aliás, nem se percebe porquê que não foi negociado em Junho como automático, e não "a pedido") alegadamente em benefício de uma aliás, moralmente indecente, descolagem da Grécia, e pasma-se: mas pensarão eles, conduzidos por sábios conselhos alemães, que estamos no Séc. XIV, em que o fluxo de informação era absolutamente inexistente?
 
Como é que podemos pretender usar o truque da Deu-la-deu Martins para ludibriar os hiper-informados mercados do Sec. XXI, que sabem com a máxima exactidão a que distância estamos da Grécia? Acresce que, como se sabe, até a história da Deu-la-deu não passa de uma lenda...

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