Sobre uma improbabilidade estatística

« A arte nunca deve ser popular. O povo é que deve ser artístico».

Um fascinante momento de snobismo de Wilde. É bom que os Wildes do mundo escrevam na pedra este tipo de coisas. Podemos sempre acobardarmo-nos por trás deles, dizendo o politicamente incorrecto sem nunca o ter dito verdadeiramente.

Mas uma vez citado o que não nos atreveríamos sequer a pensar, assuma-se pelo menos a responsabilidade da sua transcrição: não parece, de facto, legítimo perverter o sentido e função da arte apenas porque um povo artístico é uma improbabilidade estatística.

A arte popular revela um razoável sentido prático, na medida em que adere à realidade do que é a natureza humana. Mas não a eleva e não nos eleva. A a ser assim, qual a real diferença entre a arte popular, qualquer a forma que assuma, e um frigorífico?

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