Chego à conclusão que gosto bem mais de filmes que não gostam de se mostrar...que nos obrigam a espreitar lá para dentro.
Maior parte deles, daqueles que eu gosto mesmo, permitem-nos sentir - ou têm a capacidade de fingir ser essa a sua intenção- que estão ali, que não foram feitos para serem vistos, que são simplesmente a vida a correr o seu destino e que se estamos a assistir, trata-se de um puro acto de voyerismo.
Senti isso no «A Onda», senti ainda mais no «A turma» e mesmo muito no filme «O visitante» que acabei de ver (argumento e realização de Thomas McCarthy).
É um filme extraordinário. É uma pequena pérola, insuspeita.
Richard Jenkins que a minha companhia destas aventuras dizia que conhecia de uma série (é verdade, participou no «Sete palmos de terra») é um prodígio de contenção/libertação.
O argumento central é universal e eterno - porquê que as pessoas não hão-de ser consideradas apenas pessoas, dividindo-se entre boas e as más, isto é porquê que as fronteiras são assim tão importantes? - paralelo a um outro assunto que está sempre nas nossas cabeças: fazemos de facto aquilo que gostamos de fazer, ou limitamo-nos a «deixar-nos» viver, fazendo por gostar?
Um final inesperado e de bom gosto, também nos deixa um «rebuçado» no final do filme - o que eu torci por um fim não demasiado óbvio.
Porquê que os bons filmes nunca ganham óscares? (será que este conta já para o de 2009?)... Sinceramente, nenum dos nomedados/vencedores que vi até hoje me encheu tanto as medidas como qualquer dos tês de que falei. Ah e até já vi «O leitor»!!! Muito bom, mas a «mostrar-se» demasiado....
Aliás, também não gostei muito do «Quem quer ser bilionário», o grande vencedor. Mas não tem nada a ver com a pobreza ou a sua exposição desnudada. Acho isso tudo uma treta duma conversa. Sinceramente, o que não apreciei foi o «vamos jogar às coincidências»? Eu sei que pode ser engraçada a ideia de provar que o acaso é a simples causa desconhecida de um efeito conhecido...daí a transformar isso num filme e atribuir-lhe um óscar....
Enfim, três estrelas puxadinhas por uma orelha, admito. Nem mais uma.
Lembrei-me de Caetano Veloso: se você tem uma ideia incrível, o melhor é fazer uma canção; está provado que só é possível filosofar em alemão.
2 comentários:
Será mesmo??????
E quanto aos filmes...
Tudo voltado pro Oscar vai de acordo ao que uma minoria acredita ser o mais certo em relação a filmes. Respeito a opinião deles de filmes bons, mesmo odiando alguns que assisti... Porém minha concepção de filmes bons e que ganhariam o Oscar estão indo um POUQUINHO além disso tudo...
Parabéns pelo blog ;)
Será mesmo, o quê? Que só é possível filosofar em alemão? hehehe...acho que é uma probabilidade improvável.
Obrigada pelo simpático comentário num blogue que é suposto «estar publicado, sem ser público». ;)
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