daqui- E este, não queres experimentar levar este? E este também não? Leio-te o resumo deste...hem, que tal, parece interessante, não?...
A cabeça do adolescente-problema-para-a-leitura abanava teimosa e incessantemente.
- Não quero, mãe. Não quero. Eu disse que vinha porque mãe me queria trazer, e só por isso, não foi? Tenho tantos livros em casa que nunca li...
-Sim, por isso mesmo, é preciso encontrares um de que gostes.
Uma senhora pacientemente sentada a uma mesa, no stand de literatura Infantil da LEYA, que não reconheci, desligou o telemóvel e olhou-me com o ar de porquê-que-não-levas-os-que-ele- quer?...
-Está indeciso entre quais?
Desesperei.
-Tomara a mim...levá-los-ia a todos. Não quer é nenhum. Não gosta de ler.
Vi nos olhos dela que passei de mãe-megera-que-não-quer-que-o- filho-leve-livros, a mãe-idiota-que-não-sabe-levar-a-criança-a-gostar-de-ler..
-Talvez banda desenhada...os que não gostam de ler, às vezes gostam de banda desenhada...
- Nem isso...lê, às vezes, mas não muito e com pouco entusiasmo...
De vergonha, suponho, pelo rumo da conversa, o adolescente-problema-para-a-leitura lá
aceitou levar «Uma Aventura nos Açores», contra a sugestão da própria Ana Maria Magalhães - na minha fúria, nem me ocorreu que podia ser com quem estava a ter aquele diálogo surrealista - sob pretexto de que ele, em pouco tempo, iria aos Açores. Concordou que, então, era o livro ideal e despachou-nos com um autógrafo em que desejava boa viagem ao T.
Interroguei-me, à saída, porquê que não lhe desejara, ao invés, uma boa leitura. Ficar-lhe-ia tão mais grata!
Todavia, admito, fez o seu melhor...como eu.
8 comentários:
Gostava de ter presenciado a cena às escondidas! hehe Estou mesmo a ver que não lhe sugeriste um livrinho sobre futebol!! Não posso acreditar! Assim tipo "Uma Aventura no Estádio de Alvalade"! Vais ver que ainda vai acabar por tomar o gosto da leitura!
boas leituras e beijinhos, Al
ah, ah, ah ... eu comprei para ele um livro delicioso, que bem vistas as coisas fica para mim :-))))
Deixa lá amiguinha, ele não gosta de ler mas é inteligente como o caraças, tem um sentido de humor levado da breca, é lindo para cacete e ... bom de bola. ;-)
Caríssimo Al,vós estais mui enganado! Eu tenho este ar rabuja contra o «esférico rolando sobre a relva», mas não sou nada preconceituosa no que toca a ver o dito rolar nos livros.
Pergunta-lhe é se, acaso, já leu esses do género «Uma aventura no Estádio de Alvalade» que eu própria lhe dei. Tu não estás a ver a fera ;)). Aquilo só a canhão. Arma que passei a utilizar desde o fds passado:dois capítulos por dia e respectivo resumo de cinco linhas. Não quero saber de pedagogias!
Beijinho
Querida Io:
Dá-lho, dá-lho, por favor - a menos que não te apeteça.
Pegando no que dizia ao Al, não quero saber de pedagogias. Quero que esteja preparado para perceber tudo o que leia. Essa coisa da leitura ser um gosto...será...a partir do momento que se saiba ler e interpretar muito bem. Até lá, se tiver de ser um «desgosto», será!! (e se o desgosto puder ser atenuado por um livrinho delicioso, melhor, não é :))). Beijinho
O Emílio!
O Emílio da Astrid Lindgren!
Não conheço melhor. Vê se o arranjas num alfarrabista, porque por algum motivo parvo deixaram de o vender há mais de vinte anos.
O Emílio é um miúdo que passa a vida a meter-se em sarilhos, em histórias incrivelmente bem contadas. Até para adultos é uma delícia.
O teu filho aceita essa imposição de ler à força? Então ainda não é muito adolescente...
;-)
Por acaso agora lembrei-me do meu irmão mais novo. Era um desespero: desconfio até que ele tinha prazer em recusar-se a ler. Mas olha, só para desdramatizar: fez-se um homem. Já vai em quarenta anos, e nada maus.
Bem-hajas, Helena.Vou tentar esse, então. Quem sabe?
Lê chantageado, sim, pelo menos por ora :)).
Em voz alta, lindamente e com a entoação correcta (ensinei-o a ler alto numas férias de Verão) ... mesmo não percebendo nada do que lê. É de doidos.
No outro dia, foram vinte minutos para perceber um parágrafo elementar das Viagens de Gulliver (versão simplificada de João de Barros)...depois, oleada aquela rodinha dentada, leu, percebeu e riu-se imenso com o resto do capítulo, resumindo-o até razoavelmente.
Já lhe expliquei: só está habilitado a pronunciar-se sobre se gosta ou não gosta de ler, quem saiba ler e interpretar muito bem. Até lá, é-se noviço e recebe-se tratamento de noviço;))
E não me alongo mais para não te aborrecer (mas isso do teu irmão, consolou-me).
E o primeiro livro do Harry Potter? Há quem resista às trapalhadas que são a vida dele na casa dos tios? E à surpresa de uma escola de magia?
Ele nem com esse isco lá foi?
E se és tu a ler em voz alta, só para partilhar o prazer do que se lê, ele desliga, adormece?
(Sinto-me tão aliviada por os meus filhos não terem passado por isso! Pelo contrário: à estante com as enciclopédias infantis e juvenis, os livros de história, de ciência, etc., chamavam "a estante dos livros interessantes". Não imaginas a minha surpresa quando os ouvi dizer isso...)
(Ainda por cima, lêem às escondidas, com os pais a ralhar "apaguem a luz!")
(ai, se calhar é esse o truque: proibir...)
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