Já alguém procurou casa pela net, em sites generalistas de venda de imobiliário, e pediu para ser contactado para uma visita? Não percam o programa, que é um pratinho.
A casa parece simpática e a um preço conveniente, mas não sabemos há quanto tempo já deveria ter saído dali.
Colocamos os nossos dados e somos contactados, geralmente no dia seguinte, por um funcionário da agência que comercializa o imóvel.
Se usamos o procedimento só com um ou dois imóveis, nem desconfiamos. Mas experimente-se com quatro ou cinco pedidos num só dia e percebe-se que, ou somos perseguidos pela vil sorte, ou pela prosaica esperteza saloia alheia.
Alguns nem disfarçam e vão, directos, ao assunto: - Acabo de ver que foi vendido, mas se me der as suas preferências, talvez possa ajudá-la. Outros são mais ínvios: - Ah sim, com certeza, vou falar com o proprietário para marcar.
Deve dizer-se que o senhor proprietário está sempre, por certo, naquele momento a comemorar o feliz acontecimento da venda do imóvel - o que se compreende atento o estado actual do mercado - e, portanto, disponível para dizer, em «no time», que o imóvel que procurávamos já foi comprado por alguém com mais sorte do que nós. Cliché «está-numa-reunião que-não-lhe-permite-atender-o-telemóvel-nas-próximas-duas-horas» - não aplicável.
Em consequência, o diligente indígena da imobiliária fica de imediato habilitado a informar-nos daquilo que, para ele, é uma lamentável novidade e acto contínuo: - Mas se me der indicações do que anda à procura...
Confesso que à terceira vez, já fiz um esforço grande para não me rir e à sexta estive em vias de perguntar se era assim que, nas imobiliárias, fabricavam as famosas «carteiras de clientes».
2 comentários:
Maldita globalização!
Aqui fazem o mesmo, ou pior: eu pergunto por uma casa, e eles mandam-me um envelopão enorme com dezenas delas, mas nenhuma é a que eu queria.
Helena, em termos ecológicos, a nossa versão é menos má, mas também começo a pensar que devemos ter muitos actores desempregados...
Enviar um comentário