Ligar o taxista

Gosto de ouvir os taxistas. Nunca se aprende muito com eles, mas aprende-se muito sobre a forma como eles pensam. E eu gosto tanto de saber o que uma pessoa, grupo/tipo de pessoas pensam, quanto os raciocínios que elaboram para dizerem o que dizem.

Entenda-se. Não é que o que as pessoas digam não me interesse. Muito pelo contrário, há pessoas de quem, literalmente, bebo as palavras. O que acontece é que, mesmo que não me interesse muito, por ser banal ou até disparatado, o meu ar atento não é fingido: entretenho-me sobremaneira a perceber em que medida, na cabeça de cada um de nós, qualquer conclusão ou o seu contrário pode ser gerada pelos in puts pessoais mais surpreendentes.

É por isso que muitas vezes se, por um acaso, como ontem, calha andar de táxi, «ligo o taxista» mal ele liga o taxímetro e pergunto: «Então, isto com a crise, vai mal?».

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