O Facebook e a pastora
Não tenho nada de princípio contra o Facebook...a não ser o facto de, para mim, ter em comum com as montras de yogurtes dos supermercados, os múltiplos canais televisivos, o Corte Inglês, o Museu do Louvre (os Uffizi também servem para o efeito) e os vários destinos de viagens, o dom de aumentar os meus níveis de ansiedade: demasiadas coisas para o tempo que posso ou quero dedicar-lhes.
A todos já tentei vários tipos de abordagem, e de todas saio vagamente frustrada, correndo a sete pés, procurando o ansiolítico na carteira (quase, quase).
Muitas vezes, creio que viveria satisfeita com uma única mercearia na esquina do bairro, com apenas um canal televisivo que odiasse telenovelas e futebol - há pouco, via um documentário na RTP 2 e pensava que para o pouco tempo que vejo televisão, aquele canal seria mais do que suficiente - com a família, meia dúzia de bons amigos de carne e osso, e um passeio ao domingo até à fonte, num cenário de aguarela do pique-nique de burguesas de Cesário Verde.
Só em relação aos livros, convivo confortavelmente com a ideia de que não lograrei ler nem uma infinitésima parte deles e com a eterna e improvável promessa de que chegará o dia de cada um. Relativamente a tudo o mais, simplesmente não quero, não posso ou não sei acompanhar o tempo dos tempos em que me calhou viver.
Em alguma outra vida devo ter sido pastora. Só não sei se foi no passado, se no futuro.
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